quinta-feira, dezembro 13, 2007
A Grande Gargalhada
Era uma vez um Rei que tinha um grande problema no seu reino, o que o incomodava pois nem os seus conselheiros lhe achavam solução. Resolveu então chamar um velho eremita com fama de sábio e disse-lhe, "Sábio, gostava que registasses por escrito uma síntese de todo o teu conhecimento. Tens três anos para o fazer."
O sábio foi para a sua cabana donde raramente saía e começou a escrever com entusiasmo. À medida que o tempo passava e conforme ia revendo o texto já escrito, ia cortando e sintetizando. Passados os três anos foi chamado à corte onde entregou o trabalho final. O Rei olhou desconfiado para ele dizendo em ar de pergunta, "Só três folhas...?" "Sim Majestade, só aí está o que é deveras importante".
O Rei e os seus ministros leram e releram o texto mas não conseguiam entender a linguagem esotérica fruto do conhecimento humano primordial. Então pensaram que o eremita escrevia assim porque estava isolado com os seus livros sem conhecer outras realidades do mundo e decidiram propor-lhe outro desafio. "Durante mais três anos irás viajar pelo mundo, mas por favor completa-me esse texto de forma que se perceba" e doou-lhe uma pequena fortuna e completa liberdade.
Enquanto conhecia outros reinos e outros costumes, outras pessoas, paisagens e animais, o eremita não teve mais tempo para sintetizar pois estava num processo de aprendizagem mas ia tomando as suas notas para mais tarde analisar.
Quase no final do prazo, quando regressou, sentou-se no seu saudoso canto e meditou longamente na sua experiência. Na noite anterior à visita ao Rei, pegou na pena e numa única folha resumiu o seu conhecimento.
"O quê? Uma folha apenas?" disse o Rei intrigado. "Sim, Vossa Alteza. Conhecendo melhor o mundo exterior descobri que sei menos do que pensava."
Furioso, o Rei condenou o Eremita a ir viver para o mais alto cume do reino onde a vida era quase um milagre devido às rígidas condições existentes.
Os Nobres, os Artistas, os Escribas e outros, que ficaram com inveja da sorte do pobre eremita, através de anedotas, cantigas e histórias tinham ridicularizado a situação até que o Povo, que era uma das fortes variáveis do problema, ficou finalmente também a saber do caso.
Então, o reino explodiu numa gargalhada daquelas de orelha a orelha, pois todos achavam que o Rei tinha exagerado nos privilégios que dera ao Sábio e recebera muito pouco em troca.
O Rei e os seus ministros riam-se também porque o descontentamento social era o grande problema e o caricato episódio tinha afinal contribuído para o bem estar colectivo.
O sábio foi para a sua cabana donde raramente saía e começou a escrever com entusiasmo. À medida que o tempo passava e conforme ia revendo o texto já escrito, ia cortando e sintetizando. Passados os três anos foi chamado à corte onde entregou o trabalho final. O Rei olhou desconfiado para ele dizendo em ar de pergunta, "Só três folhas...?" "Sim Majestade, só aí está o que é deveras importante".
O Rei e os seus ministros leram e releram o texto mas não conseguiam entender a linguagem esotérica fruto do conhecimento humano primordial. Então pensaram que o eremita escrevia assim porque estava isolado com os seus livros sem conhecer outras realidades do mundo e decidiram propor-lhe outro desafio. "Durante mais três anos irás viajar pelo mundo, mas por favor completa-me esse texto de forma que se perceba" e doou-lhe uma pequena fortuna e completa liberdade.
Enquanto conhecia outros reinos e outros costumes, outras pessoas, paisagens e animais, o eremita não teve mais tempo para sintetizar pois estava num processo de aprendizagem mas ia tomando as suas notas para mais tarde analisar.
Quase no final do prazo, quando regressou, sentou-se no seu saudoso canto e meditou longamente na sua experiência. Na noite anterior à visita ao Rei, pegou na pena e numa única folha resumiu o seu conhecimento.
"O quê? Uma folha apenas?" disse o Rei intrigado. "Sim, Vossa Alteza. Conhecendo melhor o mundo exterior descobri que sei menos do que pensava."
Furioso, o Rei condenou o Eremita a ir viver para o mais alto cume do reino onde a vida era quase um milagre devido às rígidas condições existentes.
Os Nobres, os Artistas, os Escribas e outros, que ficaram com inveja da sorte do pobre eremita, através de anedotas, cantigas e histórias tinham ridicularizado a situação até que o Povo, que era uma das fortes variáveis do problema, ficou finalmente também a saber do caso.
Então, o reino explodiu numa gargalhada daquelas de orelha a orelha, pois todos achavam que o Rei tinha exagerado nos privilégios que dera ao Sábio e recebera muito pouco em troca.
O Rei e os seus ministros riam-se também porque o descontentamento social era o grande problema e o caricato episódio tinha afinal contribuído para o bem estar colectivo.
sábado, dezembro 08, 2007
A mente não sou eu
"La mente no es yo" Foto de Ricardo Germán Giorno
... eles chegaram e instalaram-se olhando ávidos como esponjas para a obra que ia sendo construída perante os seus olhos, mas apenas apanhavam as migalhas que até ali lhe tinham sido reveladas pois o resto da história nem sequer ele próprio sabia.
Cheio de paciência, esperança, curiosidade e confiança alheava-se desse facto e concentrava-se nas imagens que relampejavam na tela da sua mente ...
... eles chegaram e instalaram-se olhando ávidos como esponjas para a obra que ia sendo construída perante os seus olhos, mas apenas apanhavam as migalhas que até ali lhe tinham sido reveladas pois o resto da história nem sequer ele próprio sabia.
Cheio de paciência, esperança, curiosidade e confiança alheava-se desse facto e concentrava-se nas imagens que relampejavam na tela da sua mente ...
Subscrever Mensagens [Atom]