terça-feira, março 07, 2006

 

Peregrinando - III

Quedo e mudo.
A palavra solidão escreve-se com letras imensas.
A música na distância do isolamento.
O ser disperso, a noite vaga.
O dia acende-se no centro de dentro e fica a cintilar, espargindo luz,
até empalidecer.
E eu, mudo e quedo, ninguém desconfia.
Ninguém pode entender o outro profundo.
A solidão intocada é imensamente livre.
O devir é tão distante do aqui, do agora, que não quero nem pensar.
A distância não existe nos intervalos do pensamento.
A magma fluida molda-se ao movimento indeterminado do pulsar e os gestos
seguem o inocente sentido do impulso indefinido.
Estar aqui, ou ir.
P'rá onde ?

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Recuso moldar o tempo com a ideia que me não pede rosto.
A indefinição, incorpórea, é um espaço branco, livre.
Disponível para o que se queira instalar, inscrever.
Sabe bem o estar sem rumo.
O não saber e o não querer saber.
Sabe bem a ausência de ansiedade, angústia.
Sabe bem não esperar nem querer chegar.
(É giro, acabo de tossir e a cadeira desencaixou-se (disse o Dario) e eu
levantei-me porque foi preciso.)

""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""

Uma decisão afirmada fez-me retornar da magma fluida.
A decisão - o acto de decidir - é uma coisa fria e rija.
Entesa-se na massa da ideia - que impõe uma acção - e perde-se a isenção.
Assim, já não me apetece mais e vou-me embora.


M. João

Comentários:
É poesia e é consistente...
Ontem perdi 5-3 no pool, mas ganhei na amizade.
 
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