terça-feira, julho 18, 2006

 
"Nada de real pode ser ameaçado, nada de irreal existe[...]"

LA LUMIÈRE DU MONDE, Christian Bobin (I)


"É extremamente raro encontrarmos "alguém", quer estejamos em contacto com muita gente, quer sejamos aquilo a que se costuma chamar um solitário. A maior parte das pessoas torna muito difícil o encontro com elas porque não estão verdadeiramente no seu verbo ou porque estão sem alma. Eu concedo sempre ao outro o crédito da inacreditável novidade da sua existência, mas este crédito depressa se esgota se o outro desperdiça esta maravilha para se tornar como toda a gente. Como se fala com ninguém? É impossível. Às vezes, o desejo de partilhar é tão forte, que apesar de tudo eu faço uma tentativa, experimento a sorte, mas a maior parte das vezes em vão. As opiniões não me interessam. O que me sensibiliza é quando o outro coloca todo o peso da sua vida na balança das palavras e aí apoia o seu pensamento. Pela parte que me toca, às vezes tenho a impressão de ser completamente incapaz de amar, e, ao mesmo tempo, capaz de amar mais do que uma pessoa. Vejo muito pouca gente, mas sou capaz de estar indefinidamente com o outro, quando ele está presente. Quando nasci, apresentaram-me a ementa do mundo, e não havia nada comestível. Mas quando o outro está verdadeiramente comigo, eu posso comer: bebo um gole de ar, como uma colher de luz."[...]
(Extraído do Blog Risocordetejo de Risoleta Pinto Pedro)

Como diria Milene (personagem de Lídia Jorge no seu romance "O Vento Assobiando nas Gruas") "podemos sempre usar as palavras dos outros quando não sabemos dizer pelas nossas próprias".

Hoje iniciei um período de "luto".
Até qualquer dia.

M. João





Comentários:
Pois é
 
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