quarta-feira, maio 31, 2006

 
Amor é amar
é remar contra a maré,
com delicadeza

é pacificar com firmeza
ser de tudo no mundo
e criar,

a mais justa adequação
saber dizer que não
mesmo querendo dizer que sim

é experimentar e não se precipitar
é saber suportar a dor
ser deus e ser de deus
ser santo e ser dos santos

enfim,
amor é mesmo amar.

terça-feira, maio 30, 2006

 

Música Vegetariana


No final de cada concerto o público é convidado a comer uma sopa, feita pelo cozinheiro que acompanha este grupo, com os legumes utilizados como instrumentos musicais.

segunda-feira, maio 29, 2006

 
........................................Ao luar (61x50) - óleo de Luis Delgado


domingo, maio 28, 2006

 

By : Herman Hess

Amar é ser Feliz

"Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida.
Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo.
O dinheiro não era nada, o poder não era nada.
Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.
A beleza não era nada.
Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.
Também a saúde não contava tanto assim .Cada um tem a saúde que sente.
Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.
A felicidade é amor, só isto.
Feliz é quem sabe amar.
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.
O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.
O amor não quer possuir.
O amor quer somente AMAR ."

By : Herman Hesse

Recorrendo ao sentir certeiro do poeta revivem-se lucidas compreensões
e sintonizam-se formas de compreender o que nos vai trazendo a vida.
Cada sentimento partilhado, com poetas e amigos, trás sempre a imensa alegria e a serena paz do entendimento, tanto na dor como no prazer.
E depois de tantas viagens, por sitios, pessoas, paisagens, livros e teorias, depois de tantas partidas e chegadas o mesmo fio de Adriane, o mesmo que o querido Hess nos diz, feliz é quem pode amar muito. Quem consegue projectar o afecto positivo que tem dentro de si sobre os objectos que o rodeiam, sobretudo sobre as pessoas com quem se relaciona, tem garantida a sabedoria do amor onde o desejo se encontra na plenitude do ser. O retorno dessas projecções promovem desde logo um salutar fluir de afectos tanto na auto-estima como na ligação com os demais. É nesse estado que se constroem as maiores defesas e os melhores anticorpos para fazer frente ás adversidades do mundo externo a nós. O amor é mesmo o desejo que atingiu a sabedoria.

Rui
(á chegada de uma viagem a Sevilha com um grupo de 15 Arménios e um Holandês)

 

Fotografia - Raul Costa

http://www.pbase.com/raulcosta/image/56304605

http://www.pbase.com/raulcosta/image/60536348

sábado, maio 27, 2006

 

quinta-feira, maio 25, 2006

 

Barcos do Rio - Falua - Luis Guerreiro

 

2


Na noite a lua aparece
As estrelas brilham intensamente
Penso em ti e até me esquece
Doutro alguém que por mim sente

Ao luar os lobos uivam
Teu olhar em mim se estende
De noite cadentes chuvam
Algo em ti me surpreende

Cigarras cantam por cantar
As raposas começam a caçar
Dizes-me algo num gesto
Aí vem o sol que detesto

Diogo Correia

quarta-feira, maio 24, 2006

 

 

Modern Words...


Está-se bem na Espiral.

Na Praça Ilha do Faial,
em Lisboa, mesmo juntinho
ao Jardim Cesário Verde
que por sinal é bem verdinho.

Cantinhos urbanos que muito enriquecem a vida de quem lá passa.
Há lugares que são lições de vida,
é neles que realmente vale a pena viver.

A pena?...

 

BEM HAJAM

bem hajam mares e campos;
bem hajam flores e animais;
bem hajam amigos e familias;
bem hajam línguas e continentes;
bem hajam povos e gentes;
bem hajam

terça-feira, maio 23, 2006

 

REINALDO DOS SANTOS

Caros amigos a propósito da conversa tida por alguns de nós na passada 6ªfeira acerca desta personagem, aqui fica o admirável reconhecimento desta figura portuguesa nascida no dia 3 de Dezembro nasce em Vila Franca de Xira. 1898

Reinaldo dos Santos - Médico, pedagogo, cientista, escritor, historiador e crítico de arte, um ser em movimento, universal: 1880-1970

Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Paris, Estrasburgo, Toulouse,

Bahia e Alger.

Director da Faculdade de Medicina de Lisboa.



Medalha de Ouro de Bons Serviços na Grande Guerra.

Distinguished Servicer Order (D.S.O.)

Medalha de ouro da Société Internationale de Urologie.

Medalha de Ouro (Violet Hart Fund), da Tulane University of Louisiana.

Medalha de prata do Instituto de Urologia do Hospital de la Santa Cruz y San Pablo (Barcelona).

Grande Prémio da Cultura Nacional.



Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra.

Comendador de número da Ordem Civil de Alfonso XII de Espanha.

Grã Cruz da Ordem Militar de Santiago de Espada.

Grande Oficial da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul.

Oficial da Legião de Honra

Commandeur da Legião de Honra.

Cavaleiro do Império Britânico (K.B.E.).

Gran Cruce do Mérito Civil de Espanha.



Presidente da Associação Portuguesa de Urologia.

Presidente da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa.

Presidente da 6.ª Secção da Junta Nacional de Educação

Presidente do Congresso Internacional de História de Arte.

Presidente do XV Congrès Internationale de Chirurgie.

Presidente do Congresso de Zurique de Chirurgie Vasculaire.

Presidente da Société Européenne de Chirurgie Vasculaire.

Presidente da Sociedade de Cirurgiões Cardio-Vasculares.

Presidente da Classe de Ciências da Academia das Ciências de Lisboa.

Presidente da Academia das Ciências de Lisboa.

Presidente da Academia Nacional de Belas-Artes de Lisboa.



Académico de Honra da Academia Nacional de Medicina de Madrid.

Académico correspondente da Real Academia de Belas-Artes de S. Fernando

(Madrid).

Académico de Honra da Academia Hispano-Americana.

Académico Honorário da Real Academia de Belas-Artes de S. Fernando

(Madrid).

Académico Emérito do Instituto de Coimbra.

Académico Emérito da Academia Mondiale degli Artisti e Professionisti,

de Roma.

Membro da Academia de Cadiz

Membro correspondente da Sociedade Belga de Urologia.

Sócio Honorário do Grupo dos Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga.

Membro Honorário da Academie Royal d’Archéologie de Belgique.

Membro Titular e Fundador da Academia Portuguesa de História.

Sócio Honorário da Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Membro Honorário do Colégio Brasileiro de Cirurgiões.

Membro Honorário da Sociedade Brasileira de Urologia.

Membro Honorário da Sociedade de Urologia de Barcelona.

Membro correspondente da Associação Espanhola dos Escritores Médicos.

Membro correspondente de l’Academie Nationale de Medicine de France.

Membro de Honra do American College of Surgeons.

Membro de Honra da Royal Society of Medicine, de Londres

Membro honorário estrangeiro da Académie de Chirurgie de France.

Membro correspondente da Academia dos Lincei, de Roma.

Membro correspondente do Instituto de França.

Sócio Honorário do Instituto Vasco da Gama, de Goa.

Professor Honorário de História de Arte da Universidade da Bahia.

Vogal correspondente da Academia Brasileira de Letras.

Membro Consultivo na Fundação Prémio Erasmo (Amsterdão).

Procurador à Câmara Corporativa, por inerência de funções.



Medalha comemorativa dos 100 anos de nascimento.

Exposição itinerante pelas principais capitais da Europa e pelo Brasil do conjunto da obra de Reynaldo dos Santos e de Egas Moniz.

Sob a invocação do seu nome:

– Centro de Investigação Angeológico «Reynaldo dos Santos», no Hospital de Santa Maria.

– Prémio Reynaldo dos Santos, instituído pela Sociedade Portuguesa de Cirurgia.

– Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.

– Escola Secundária Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.

– Rua Reynaldo dos Santos, em Lisboa.

– Rua Reynaldo dos Santos em Vila Franca de Xira.

– Casa-Museu Reynaldo dos Santos em Parede. (Em organização pela Câmara Municipal de Cascais. Doação de casa, jardim e espólio à Câmara de Cascais, por Reynaldo dos Santos e sua mulher Irene Quilhó).

 

O BANDARRA

Sonhava, anónimo e disperso,
O Império por Deus mesmo visto,
Confuso como o Universo
E plebeu como Jesus Cristo.
Não foi nem santo nem herói,
Mas Deus sagrou com Seu sinal
Este, cujo coração foi
Não português, mas Portugal.

Fernando Pessoa, sobre o Bandarra
GONÇALO ANES, O BANDARRA
Sapateiro de Trancoso, trovador, profeta: 1500? - 1556

domingo, maio 21, 2006

 

Dia de Pescador

Laurindo, Dadá e Zecaô
embarcaram de manhã
era Quarta-feira Santa
dia de pesca e de pescador.

Laurindo que era de aguentar, aguentou
Dadá que era de labutar, labutou
e Zeca esse nem falou:

Era só jogar a rede, e puxar
a rede...

While my soul shout,
while my mind doubt,
during all this my eros is out...
And the sun...
the sun keeps going down on me.

João Gilberto
Caetano
Gil
+
Pink Floyd

sexta-feira, maio 19, 2006

 

quinta-feira, maio 18, 2006

 

Teatro

Actas dos Almoços do Peixe Assado

Actores: um vendedor de automóveis, um músico, um professor e um jovem empreendedor.

3º acto - A gravata

Nós, os herdeiros dos "hippies", éramos absolutamente contra as gravatas. Mais amantes das flores e do viver em paz achávamos que as gravatas eram assim como parte de uma farda tradicional, conservadora, retrógrada, hostil à abertura dos espíritos...

Músico - No próximo fim-de-semana vamos tocar a um casamento. Vamos todos vestidos de igual, camisa preta e gravata vermelha, que é para não destoar e dar um bom cenário.

Vendedor - No meu trabalho a gravata é um imposição da administração. Para se trabalhar lá tem de se ter gravata. Estou farto. Já não compro mais gravatas. Quando se acabarem acabou-se. Só fico aí com duas que é para aquelas reuniões...

Jovem Empreendedor - Quando eu trabalhava na Lanalgo tinha de andar todo aperaltado, com fato e gravata. Foi por isso que me despedi. Cansei-me. Um dia cheguei ao trabalho, encalorado, tirei a gravata e vim-me embora.

Professor - Só usei gravata nos casamentos e nem em todos. E eu que julgava vestir assim para o simplório, um meu colega que é bastante conservador, mas que de vez em quando veste de ganga, virou-se para mim e disparou: "Porra, andas sempre todo vestido a dar para o "chic".

FIM

quarta-feira, maio 17, 2006

 

Vamos ao baile?


"Já viste como somos pequeninos, perante todo este Universo?"
Os três amigos caminhavam na escuridão do descampado numa noite sem luar. As estrelas brilhavam mais no contraste com o escuro, revelando a Via Láctea com uma infinidade de constelações,por trás de uma fina lua em quarto minguante."Então e as formigas? Devem-nos achar uns monstros". Disse um dos adolescentes."E os micróbios que habitam as formigas? Disse o outro. Risos.
"Será que conseguimos ver daqui os americanos na lua?" "Ná! Só com um telescópio enorme".
"Ouvi dizer que quando eles aterraram já lá estava um português" Gargalhadas.
"Só se foi numa daquelas viagens astrais descritas pelo Lobsang Rampa nos seus livros","E tu acreditas nisso?","Sei lá no que é que eu acredito!Pelo menos faz-nos sonhar...e quando um homem sonha...","É porque está a dormir ou a descansar","...o mundo pula e avança...""Deixem-se de merdas e vamos andando senão quando chegarmos já o baile tem acabado".


terça-feira, maio 16, 2006

 

PENSAMENTO

Acessível às pessoas é o medo de sobrar. Ficar de fora.

Resistem melhor os loucos e os alienados que se não prendem nos pormenores da conjugação.

Ou se pensam menos, como diria o Fernando Pessoa a propósito dos deuses.


E, não obstante, há que evitar criar sentimentos de inveja ou rancor.

Porque não fazem bem a ninguém, porque fica mais pequena a alma, porque tudo empequenece, enfim.

Mas, também se pode ser popular nos sítios onde se vive e isso não constituir virtude nem dar prazer.

Gosto da actividade de falar e olhar.

M. João

 
"No Séc. XVIII, a máquina a vapor, provocando a revolução industrial, mudou a face do mundo (...). No entanto, essa máquina apenas substituia o músculo.
Com a vocação de substituir o cérebro, o computador está a provocar, sob os nossos olhos, mutações ainda mais formidáveis e inéditas."

Ramonet, Ignacio - A Guerra dos Mundos. Porto: Campo das Letras, 2002, p.91.

luis

 

1


Procuro-te numa introspecção cuidada
Sinto interiormente no meu ser
A fúria de uma paixão encantada

Quero-te ao mais belo promenor
Todo o ardor em mim é eterno
Rasgam-se em minha alma notas em tom maior
Na pauta lisa do teu olhar sereno

O toque que causaste cá no fundo
Em teu espírito de indiferente amor
Será eterno como o mundo
E não te tenho em meu redor

Diogo Correia

 
Is anybody out there?

in, Pink Floyd, The Wall.




 

domingo, maio 14, 2006

 

 
Entre-Existir Project

. Pela Arte de Viver (material e espiritual)
. Pela Paz (interior e exterior)
. Pelo Desenvolvimento (local e global)

Síntese: Pela arte de viver, em paz, apostando no desenvolvimento, não nos esquecendo nunca da criança que em nós nasceu, como representação simbólica daquilo que nos é mais Sagrado.

Actividades: Jantar mensal
Próxima actividade dia 10 de Junho. Quem está/não está disponível?

Aceitam-se outras sugestões!!!...

luis.


 

Vou ver os flamingos


Foto JJCN

sexta-feira, maio 12, 2006

 

 

FILOSOFIA

"Não sei se há filosofias nacionais, e não sei se os filósofos, exactamente porque reflectem sobre o geral, se não internacionalizam desde logo"

Agostinho da Silva

 

"Somos Um"



WeAreOneMovie.com

quarta-feira, maio 10, 2006

 
E eu não sei o que me aconteceu
foi feitiço, o que foi que me deu
p'ra gostar tanto assim de alguém,
como tu
(...)

André Sardê(?), de repente no rádio...

terça-feira, maio 09, 2006

 

Para decifrar


UM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414, 0853RV4ND0 DU45 CR14NC45 8R1NC4ND0 N4 4R314.


3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0 UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35, P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45. QU4ND0 3575V4M QU453 4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4.

4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RC0 3 CU1D4D0, 45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0, M45 C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4, R1ND0 D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M 4 C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0.

C0MPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1C40:

G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4 C0N57RU1ND0 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R.

M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R!!

S0 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0.

0 R3570 3 F3170 D3 4R314.

sábado, maio 06, 2006

 
Kantiga:

Dorme o sol à flor do Tejo
meio-dia
tudo esbarra esticado no seu lume
dorme Lisboa, Porto e Alhos Vedros
só vigia um ponto negro o meu ciúme

Velho Tejo vens de longe
donde o oculto do mistério se escondeu
sei que o levas todo em ti
não me ensinas
e eu sou só eu, só eu só, eu

Meu parceiro nem te lembras daquela tarde
no Barreiro nem chegaste a perceber
que na voz que canta tudo ainda arde
tudo é perca, tudo quer buscar CaDê

Tanta gente canta, tanta gente cala
tanta alma esticada no curtume
bem no sol do meio da tarde
só vigia um ponto negro o meu ciúme

(Pessoalizando e aportuguesando um poema do Caetano)


Arte de Viver:

Dar a vida pela liberdade, ou dar a liberdade pela vida?

Viver.

Viver em paz.

A marcha é longa e com muitos de espinhos, mas lá chegaremos.

quinta-feira, maio 04, 2006

 

"Bravura sem crueldade"

As manifestações gratuitas de violência estão cada vez mais fora de moda, embora as touradas sejam parte de uma genuína tradição em alguns países. Os touros são picados antes de sairem para a arena, são espetados com bandarilhas e por vezes mortos com uma espada. O sangue dos animais faz parte do espectáculo e o risco corrido pelos intervenientes, que por vezes lá deixam tambem o seu, é grande, principalmente nas pegas de caras que requerem grande bravura. Tourear com capa é uma arte, o mesmo se podendo dizer da perícia dos cavaleiros e dos cavalos, mas quando começam a ser espetadas as bandarilhas o espectáculo torna-se tão triste como o daquele presidente que alimentava os seus crocodilos lançando galinhas vivas enquanto assistia da tribuna com os seus convidados.
Com o objectivo de dignificar o espectáculo e todos os seus actores proponho:

segunda-feira, maio 01, 2006

 
Companheiros

quero escrever-me de homens
quero calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue do último caminho

e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados

deixo-vos
a paciência dos rios
a idade dos livros que não se desfolham

mas não lego
mapa nem bússula
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me às vezes viver

hei-de inventar
um verso que vos faça justiça

por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho

basta-me saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço

companheiros

Janeiro, 1984 Mia Couto

(in, dialogos_lusofonos@yahoogrupos.com.br )

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